segunda-feira, 30 de março de 2009

Procuras


- “Oi vadia!”
- “Oi cachorra!”
Quando duas moças se cumprimentam assim, conforme entreouvido por aí, alguma coisa está mudada. Mas pode ser que nem tanto quanto parece. Cariocas têm uma informalidade e um humor meio peculiares, que podem atiçar a imaginação além da conta.

- “Minha mãe dizia: nada de moça de segunda a quinta. E os dias “nobres” ficam para a farra? Nada disso!”
Aí, acho que os tempos mudaram, sim, a “farra” a que essa mãe se refere perdeu um pouco o sentido hoje. Mas não todo.
- “Rachar a conta no restaurante? E na primeira vez? Se acontece comigo, vai ser uma vez só. Se não pode, não convida".
- "Rachar motel?? Jamais! Mas conheço quem racha. Estão mesmo folgados.”
- “O cara liga e diz: Vem pra cá! Você pega o seu carrinho, ou pega um taxi! E vai para a casa dele! F - - - delivery! Se você pensar, valemos menos que uma prostituta. Ele tem todas as facilidades e não tem que pagar. Sou formada, tenho MBA, emprego. Não é complicado isso?”.
Céus...
Outra pessoa da turma comentou: "Vivemos numa sociedade falocrata". Não ajudou muito a constatação. Mas serviu para me lembrar que alguns meninos que eu conhecia eram acordados pelas mães todas as manhãs com café na cama. Pode dar certo?
A conversa (não o cumprimento acima!) é entre moças novas, bonitas, saradas, formadas, batalhadoras, da zona sul do Rio de Janeiro. Não sei o que dizer nem o que pensar, a única coisa que me ocorre é que pessoas são únicas, gente não é gado, e belos encontros acontecem e acontecerão. Talvez o problema seja mais demográfico do que de qualquer outra natureza.
Pensei também que eu não teria a menor chance nesse mundo, em nenhuma fase ou idade.
A conversa estava boa, mas voltei a me concentrar no pilates. Meia hora de bicicleta antes, e as indispensáveis caminhadas na Lagoa. É bom fazer alguma coisa por nós. Sem pressão, apenas seguindo um caminho bom. Depois de uma temporada de suco verde, a dieta da sopa...e quem sabe um tal regime japonês. Se os índios contam as luas, por aqui contamos os verões. O seguinte não vai ser igual a esse que passou.
Suspeito que cuidando do corpo – e ele responde! - a cabeça melhora. São difíceis os encontros. Estar de bem conosco já garante a metade.
Abri uma revista e li a Dilma falando sobre “ficar”, e pensando na filha:
- “... nós mulheres estamos danadas...porque esse negócio de ficar não funciona bem para as mulheres...a gente precisa de uma certa sedução, de corte, do processo da conquista. Não pode ser aquele sincericídio horroroso que há no ficar”.
É.
Não acho que o passado era mais feliz, acho só que a vida com regras mais definidas era mais simples.
Minha torcida aqui pelas meninas.

2 comentários:

isabella saes disse...

Eu li na revista do Globo esse diálogo... É, há algo muito estranho no ar. Hoje, demos uma notícia no meu programa de rádio que falava sobre uma mulher que havia pego no sono depois de algumas doses de uísque, dentro de um avião. Seu marido, então, sai de seu lado e vai até uma poltrona mais adiante fazer sexo com outra mulher. A esposa dele acorda e dá de cara com essa cena. Bom, meu comentário foi: o que acontece com as pessoas para que elas cheguem a esse ponto? Bom, se fosse comigo, acho que eu pediria mais várias doses daquele uísque para cair no sono de novo e descobrir que tudo não passou de um sonho, blá, blá, blá... Depois de tecer meu comentário e chamar os comerciais, entra uma pessoa que ouviu o que eu disse e me chama de freira. Hein?! Pois é. Beijos.

vanda viveiros de castro disse...

Freira??? Bom, eu soube de uma pessoa que viajava com a mulher e a amante ia no mesmo vôo, sem que ela soubesse da história.
Desnecessário, não?
Acho que só paixão, muita paixão justificaria uma tontice, mas não me parece o caso de nenhuma das duas situações. E mesmo que alguém me chame de freira, eu digo que eu sairia com o uísque - e só com ele! Bjs e bons programas!