sábado, 4 de julho de 2009

Gay Talese diz que imprensa matou Michael Jackson


O jornalista Gay Talese, convidado da Feira Literária Internacional de Paraty (Flip), afirmou que a imprensa matou Michael Jackson. "Acho que ele foi morto pela imprensa (...). Para mim, há cinco anos, Michael Jackson começou a ser envenenado pela imprensa", disse Talese.

Para o jornalista, a mídia cometeu abusos e noticiou como verdadeiras suposições sobre a vida do cantor. “Quero saber exatamente, em um texto compreensível, o que Michael Jackson fez. Simplesmente dizer que ele 'abusou' de alguém é pouco evidente. Lamento por Michael Jackson”.

Talese ainda reforçou sua opinião sobre o papel da mídia na morte do cantor. “A autópsia vai apontar ataque cardíaco ou qualquer outra versão oficial, mas ele vinha morrendo aos poucos há cinco anos, graças à humilhação imposta pelo desserviço de alguns jornalistas. Aqueles que noticiaram como verdadeiras as declarações de pessoas que teriam sido abusadas por Michael Jackson”, ressaltou Talese, conhecido como o “pai” do New Journalism.

As informações são do Estadão Online.
Site Comunique-se - Da Redação - 2/7/2009

29/06/2009 - 12:00

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Olhando a criança Michael Jackson
Por Villegagnon

Aparentemente as pessoas não perceberam a ligação do post com o acontecimento mais notável da semana: a morte de Michael Jackson.

A trágica vida do astro é o exemplo insuperável das consequências profundas de uma relação pai-filho degenerada.

Michael Jackson, durante toda a vida, lutou (de modo caótico, é evidente) contra o fantasma aterrorizante do pai. Esse homem de quem Michael, na infância, esperava proteção e afeto, mas que só lhe causou horror, medo e violência, foi uma sombra negra constante e determinante em sua vida.

Até mesmo a transformação física do cantor foi muito menos uma questão racial com implicações políticas (interpretação banal da maioria) do que uma profunda rejeição à figura paterna e a tudo que ele representava. A bizarra metamorfose foi fruto da imensa ojeriza que Michael Jackson sentia diante da possibilidade de se identificar ao pai. O problema não era uma rejeição à própria cor, mas uma rejeição absoluta, integral ao pai. Se o pai fosse louro, a transformação de Michael Jackson provavelmente teria sido inversa.

O evento da morte de Michael Jackson pode servir de gancho para que as pessoas façam uma reflexão mais profunda sobre a relação pais-filhos e sobre as relações adultos-criança de maneira geral. Que as pessoas entendam de que os adultos - epitomizados por pai e mãe - devem antes de tudo PROTEGER as crianças. E protegê-las não diz respeito apenas ao aspecto material, mas fundamentalmente ao aspecto afetivo, psicológico e moral.

A grande assimetria existencial entre adultos e criança traz embutido um imperativo, ao qual precisamos estar sempre atentos e com o qual devemos nos orientar: a proteção. Por isso, usar as crianças para sua própria satisfação (seja ela material, psicológica, egóica, erótica, ou qualquer outra) é uma covardia indesculpável.

Qualquer pessoa (pais e mães inclusos) incapaz de manifestar generosidade em relação às crianças ou que se relacione com elas primordialmente usando-as em benefício próprio, não têm a mínima moral para exigir um mundo melhor.

Por Ralf Rickli (pedagogo)
Acho que é NESTE contexto que devem ser lidas as palavras que Michael Jackson pronunciou na entrega do Grammy de 1993 (tradução minha de 61% do texto, contendo todas as idéias relevantes), e que - quando já se entendeu o real alcance de transformação social e história da mudança de nosso entendimento das crianças e de nosso trato com elas - talvez sejam um legado ainda mais importante que o artístico:

“… É bom ser lembrado como uma pessoa, e não uma personalidade. Como eu não leio tudo o que escrevem sobre mim, eu não tinha me dado conta de que o mundo me achava tão esquisito e bizarro. Mas se você cresce como eu cresci, na frente de cem milhões de pessoas desde os cinco anos, você é automaticamente diferente. ( … )

Minha infância foi tirada de mim por inteiro. Não havia Natal, não havia aniversários, não foi uma infância normal nem teve as alegrias de infância normais. Essas foram trocadas por trabalho duro, luta e dor - e mais tarde por sucesso material e profissional. Mas, como um preço terrível, aquela é uma parte da minha vida que eu não tenho como re-criar.

Hoje, apesar de tudo, eu me sinto como um instrumento da natureza quando crio a minha música. Fico pensando em que deleite a natureza deve sentir quando abrimos nossos corações e expressamos os talentos que Deus nos deu. Um som de aprovação rola através do universo, e o mundo inteiro se enche de magia. Maravilhamento preenche os nossos corações, pois tivemos um relance, por um instante, da ludicidade da vida.

E é por isso que eu gosto tanto de crianças e aprendo tanto de estar perto delas. Eu percebo que muitos dos problemas do nosso mundo hoje - da criminalidade urbana às guerras de grande escala e ao terrorismo, e às nossas prisões superlotadas - resultam do fato de crianças terem tido suas infâncias roubadas.

A magia, o encantamento, o mistério e a inocência de um coração de criança são as sementes da criatividade que irá curar o mundo. Eu realmente acredito nisso. O que nós precisamos aprender das crianças não é infantil. Estar com crianças nos conecta com a sabedoria mais profunda da vida, sabedoria que é onipresente e pede apenas para ser vivida. As crianças conhecem as soluções que jazem dentro dos nossos corações, esperando para serem reconhecidas.

Hoje eu quero agradecer a todas as crianças do mundo, inclusive as que estão em estado de doença e de carência - o quanto a dor de vocês me toca!”

http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/29/olhando-a-crianca-mickael-jackson/

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