terça-feira, 13 de julho de 2010

Esquinas


Abriu bem perto de casa um mercado Zona Sul. Lembro de quando ele era só um, em Ipanema. Agora é mais um. Alvoroço na vizinhança onde o comércio ainda não chegou muito perto. Café de manhã e pizza à noite. Com vinho, se quiser tomar uma tacinha perto de casa sem problemas com a lei seca. Programa simplesinho porém honesto. Só vê-lo ali me alegra quando eu passo, não preciso nem entrar.
Café da manhã na rua tem um sabor particular, é um prazer que eu só costumava experimentar em viagem.
Nem tudo é perfeito. Manhã de domingo, cena engraçada: mercado fechado, ao contrário do anunciado, e vários famintos decepcionados na porta. Abrir aos domingos, só no mês que vem, anuncia o vigia.
Sigo e saio no lucro: feliz com as boas opções recentes, encontro uma amiga, que diante de tanto bom humor matinal lembra uma declaração minha, que guardou - e que eu não tinha a menor lembrança de ter dito: “a essa altura da vida, eu gosto até de chuchu”.
Pode ser, mas bom mesmo é uma média e a baguete com manteiga do Pain du Lapin. Ou o pão de passas e nozes do Guy. Ou mesmo o pãozinho da Padaria União (ex-Zezé, como diz o letreiro até hoje, para que ninguém se perca, e ela foi Padaria Zezé no tempo em que a minha mãe era solteira), roscas de lamego, os mini-sacadura, o francês na chapa que vira um papel torradinho. As rabanadas que agora são feitas o ano inteiro (mas que eu só como no Natal, quando eu mesma faço).
Prazer igual ao de uma boa estrada, ou até num fim de mundo sem estrada, eu tenho nas cidades, suas quadras e suas esquinas. Conhecidas ou desconhecidas, eventuais ou habituais, o prazer é o mesmo.
Sou urbana, e acho bom caminhar, nesses tempos de prazeres provisórios.
Pendurados na banca da esquina, monstros de ocasião descontextuados vindos de Marte, espremidos e empurrados goela abaixo. Posso até ter que olhar, mas não quero ver, luto com todas as forças para ser feliz e tentar aumentar a cota de sanidade do planeta.

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