domingo, 15 de junho de 2008

Altos e baixos, aprendendo com as baixas...


Esforço de reportagem, quase um esforço de guerra, muitas vezes. Trabalho terminado e bem sucedido, mesmo virtual, uma coisa que não existia e passou a ocupar um espaço combina mais com o sentimento de plenitude e mais segurança, por que trazer um vazio? Um copo cheio não deveria produzir ressaca... Mesmo sabendo olhar para o que fizemos como mais uma realização, voltamos para o zero, com medo do que vem. Qualquer ruptura não nos lembra finitude, e bem lá no fundo, já que tudo tem fim, nos lembraria que nós também temos? É ir um pouco longe, mas é uma explicação. Enquanto estamos incumbidos, estamos ocupados, não estamos com a angústia da expectativa. Expectativa, palavra que traduz um sentimento que pode ser tão excitante, vira como vento de tempestade quando a ordem é a falta de expectativa. O que é que nos tira da angústia das ausências? Estar ocupado com alguma coisa que nos envolva, e melhor ainda se vem com a possibilidade de nos trazer satisfação. Satisfação garantida, eu diria que só a criação nos dá, já que amor e paixão vem sempre junto com muita turbulência, embora não devesse ser assim. Não falo de ansiedade fora dos limites administráveis nem de depressão, mas acho que decepções eu aprendi a administrar. Sempre ri da expressão, ouvida em família, que diz que sem trauma não se cria. Se puder escolher, prefiro sem trauma, mas que sofrer um pouquinho ensina, quanto a isso eu não tenho dúvidas . Fools in love, então, soon grow wise...eu diria até que não há outro jeito de aprender... pelo menos chocolate, eu sempre preferi amargo.
Quando me preparava para ir ao Japão, conversando com descendentes de japoneses em São Paulo, ouvi o conselho e o oferecimento de um cartão de visitas bilíngüe, em português e japonês, seria delicado e oportuno. No Japão fala-se bem menos inglês do que se pode imaginar. Cartão de visitas é um item obrigatório em um país de língua tão única. E o meu ficou lindo. A primeira pessoa a ganhar um foi o nosso tradutor. Ele olhou espantado, depois riu, e explicou: a função de produtora é muito criativa, mas não no sentido que está aqui, aqui está escrito que o seu trabalho é ligado à vida, traz a vida... a palavra em português não ocorreu logo, mas era isso: levei comigo um cartão de parteira! Custei a acreditar, mas quando encontrei a equipe do programa de língua portuguesa da rádio NHK, em Tóquio, testei novamente: muitas risadas! Felizmente tinha alguns dos meus antigos, em português mesmo. Tenho agora cem cartões de parteira em japonês. A minha disposição para lidar com problemas e adversidades continua firme. Pode ser o prenúncio de uma nova vida, quem sabe?

3 comentários:

Selma Boiron disse...

Ora, ora! Estás a parir textos, sempre! Pq não o seria - ainda q em japonês? Dá próxima vez, peça ajuda a um descendente pra tarefas, assim, mais subjetivas. Viu? Já foi um aprendizado...abçs!

Selma Boiron disse...

Ora, ora! Estás a parir textos, sempre! Pq não o seria - ainda q em japonês? Dá próxima vez, peça ajuda a um descendente pra tarefas, assim, mais subjetivas. Viu? Já foi um aprendizado...abçs!

vanda viveiros de castro disse...

Abçs, Selma, e você tem razão - estou especialmente parideira de ideias e textos, só preciso de tempo, que espero ter mais agora que me despedi do Japão...volte sempre!