domingo, 9 de novembro de 2008
Pesquisa
Saí para andar na Lagoa e vi uma moça, bem nova e bonita, chorando. Copiosamente. O mundo estava desabando por ali. Estava sentada na murada, vestida para caminhar. Sozinha, ela aproveitou para chorar. Se eu tivesse certeza que ela queria ouvir alguma coisa naquele momento, mesmo de alguém desconhecido, teria dito para ela:
- Chora mesmo, é bom, mas pode acreditar, seja o que for, passa.
Todas nós choramos nessa idade. Depois também. Mais tarde, passamos a lamentar o fato de nosso choro ficar tão seletivo. O mundo já não nos pega desprevenidas com tanta freqüência, ficamos mais sábias e avisadas – ou mais defendidas - e temos saudades dos tempos mais ingênuos. Muita coisa já deixa de valer um bom choro como o daquela moça. Choros bons mesmo, desalentados, esses vão ficando raros. Passamos a chorar só em situações de leite derramado, causas perdidas, despedidas sem volta.
Cruzes.
Pensava era em felicidade quando sentei para escrever. O mundo mudou demais nas últimas gerações. Deve ter sido sempre assim, mas a gente repara mesmo é no nosso tempo. Mudou para melhor, eu acho sempre. Nem sempre, nem em todos os lugares, mas a humanidade, como um todo, evolui. A luta pela liberdade ganha sempre algum terreno, mesmo que seja contado em milímetros, se pensarmos em ditadores que caíram, alguns direitos conquistados aqui e ali. A humanidade avança, sou uma incorrigível otimista e esperançosa. Mas teria curiosidade de saber, mesmo sem acreditar em pesquisas, já que existe pesquisa de tudo nesse mundo, se haveria uma que aferisse o grau de felicidade que há no mundo pelas liberdades conquistadas nas últimas décadas. O mundo – e penso especialmente no das mulheres – estará mesmo mais feliz? Quanto mais feliz? Porque às vezes, passa bem rápido e vai embora, um pensamento: não é arrependimento, que ninguém me entenda mal, mas a gente paga sempre tão caro por qualquer avanço e mudança, não haveria de haver um jeito das mudanças cobrarem um preço um pouco mais baratinho?
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3 comentários:
Estou chorando com a moça, Vanda, lendo vc e compreendendo q, na dor, ficamos mais iguais. Como é bom compartilhar. abraço
Na alegria também, Selma, que certamente tivemos e ainda teremos muitas, ainda bem que a gente alterna! E aprende... às vezes um pouco mais tarde do que gostaria, mas sempre aprende. Beijos.
Assim como vc, sou otimista. Tb acho que a humanidade ganha mais do que perde enquanto evolui. No fundo, no fundo, acho que não há vitórias sem perdas e vice-versa. O segredo está em que postura assumir diante de cada uma! E viva o choro!! Sou bastante adepta, seja na alegria ou na tristeza. Beijos blogantes!!
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