Marco Zero em NY oito anos depois dos ataques de 11 de setembro continua ferida aberta, dizem as notícias lembrando a data.
Eu estava em Tóquio em 2001, quando vi pela tv o que aconteceu. Estava em Nova York em 2002, quando a memória da tragédia estava ainda bem fresca.
Todo tipo de lembranças e homenagens penduradas expunham as dores pelo que se passou ali.
O equivalente ao nosso churrasquinho de gato é alimentado pela romaria diária.
Uma fila ordeira e sem trégua ao fundo, uma turista e o aviso para não atravessar.
Esse brusco e inesperado desequilíbrio de forças no mundo não foi a primeira tragédia registrada nessa data, quando surgiu até uma listas de acontecimentos sombrios envolvendo o número onze. O 11 de setembro no Chile de 1973 certamente não teve tanto espaço na mídia mundial, e muito menos na parte sul do continente americano, num período especialmente negro da América Latina. Mais de três décadas entre um fato e outro, e no entanto eles têm uma raiz comum.
Parece mentira, mas enquanto escrevo, uma festa corre solta no prédio ao lado, coisa comum nessa cidade, apesar de um cenográfico e pirotécnico “choque de ordem”, e a música que entra altíssima pela janela parece encomendada para esse texto – “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia...” Não posso reclamar dessa vez, a música me lembrou o quanto caminhamos.
Os dramas, as dores e desacertos não podem ser medidos pelo espetáculo que produzem.
Pode ter um adolescente de coração partido na festa ao lado e o seu drama é mais punjente do que todas as desgraças do mundo, são medidas pessoais. Alargar as medidas, nem todo mundo que cresce consegue. Com mais idade, a gente não sofre menos, só acaba aprendendo alguma coisa sobre dimensionar, relativizar, anular, ajeitar, fingir, ignorar, sobreviver em vez de viver como um dia sonhou. Frustração e falta de sonhos tem a ver com muitos dos descompassos do mundo, mas a ambição e a insensibilidade que regem os caminhos tristes que a humanidade toma é o homem no seu estado mais tosco, primitivo no pior sentido. Mesmo transbordando de gente, e até por isso, as soluções são também pessoais e devem ser intransferíveis. Cada um que trate de cuidar da sua cota para fazer a humanidade caminhar de um jeito mais justo e alegre.
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