quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O ESPÍRITO DO NATAL


Mesmo de folga, tento limpar com freqüência a caixa do meu e-mail do trabalho, sempre transbordando, e me deparo com uma enxurrada maior de mensagens, mesmo considerando a sobrecarga que os votos de boas festas provocam todo ano.
Espírito natalino em tempos de internet: começou com os votos de uma assessoria, das várias dezenas que superlotam diariamente a minha caixa, a maioria mandada por assessores que não sabem o que fazem, não consideram o tempo que perdem com oferecimentos totalmente equivocados e que me fazem perder deletando tudo. Aí, não sei se por distração ou defeito, todas as respostas seguiram para todos.
A primeira resposta aos votos:

- Obrigada!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ...

A segunda, até com mais cortesia:

- Muito obrigado, que todos tenham um feliz natal e um ano novo cheio de felicidades. Um abraço, ...

A partir da terceira, a paciência vai acabando, o tom já muda, mas a atenção automática se mantém:

- Quem foi o idiota que me botou nesta maldita lista de e-mails spams? Vão pro inferno! Atenciosamente, ...

Pensou um pouco, e contemporizou:

- Apesar de tudo. Feliz Natal e próspero Ano Novo a todos da lista. Agora me excluam, por favor. Atenciosamente, ...

O problema é que depois da resposta, ele recebeu uma “tréplica” com votos ainda mais efusivos! E mais uma vítima se manifestou:

- Nossa, estou recebendo esses emails desde a manhã de hoje, não conheço ninguém, mas dizer Feliz Natal e me excluam foi de uma indelicadeza!!! Feliz Natal pra vc tb Sr. ( o tipo que reclamou mais em cima). Ah! Não precisa responder a esse email.

Outras se seguiram:

- Eu também quero ser excluído.
- Por favor me excluam dessa lista! E respondam só pra quem enviou o e-mail.
- ... Não sei como vim parar nessa lista, gostaria de ter meu nome retirado... feliz natal, anyway!

- Prezad@ webmaster, também gostaria de sair da lista.
- Me retirem também dessa lista, por favor...
- gostaria que retirassem meu nome da lista Obrigado

- Parem de enviar email para todos. Isso está lotando a caixa de mensagem.

- Me excluam tamém. Please!!!!

- Agradeço pelas mensagens, ...

- Desejo a todos bom natal e nom ano novo e também desejo retirar o nome da lista.
No fim da mensagem há um email para descadastrar. Vou tentar. Tentem também.

- Oi queridos! Feliz natal a todos...me excluam tb
Enviado através do meu BlackBerry® da Nextel

- Desejo a todos , que eu ainda não conheço, um Feliz Natal.
Por favor tambem retirem meu nome da lista, grata, ...

- Eu também peço que retirem meu nome, por favor... senão não darei conta de ler tanta coisa!
Obrigado e boas festas a todos.

- Feliz Natal!
POR FAVOR, RETIREM O MEU NOME DA LISTA!

- ta mal...eu enviei para o tal do email de descadastro e recebi mensagem de erro...
por isso tentei direto no site da RITS, mas acho que não vai funcionar...

- eu garanto a todos que pedir para sair da lista não vai resolver...só vai reproduzir a todos um email a mais...
creio que é melhor deixar de escrever e pronto...
ai mais ninguem recebe emails...
só isso...se abstenha de pedir para sair e tente entrar em contato com o site da RITS...
ou simplesmente reze para eles não mandarem mais mensagens.
paz e bem, márcio

- Feliz Natal a todos e por favor excluam meu nome da lista.

- Também eu agradeço pela gentileza e desejo tudo do bom e do melhor, mas, por favor, me retirem da lista.

- Caros,

Poucas vezes vi tamanha falta de civilidade em minha vida.
Vocês recebem tanta coisa muito mais inútil do que esta mensagem de Natal... Francamente...
Ao ler os e-mails de vocês, entendo o porquê de tanto ódio no mundo...
A organização que enviou esta mensagem, assim o fez com a melhor das intenções...
Nem isso vocês foram capazes de perceber.... É de fato lamentável...

- Se vcs pararem de mandar mensagens, ninguem mais recebe nada...
- Se vocês se sentiram incomodados, peço que não respondam a todos, somente a…
- Estou tentando sair dessa lista também, sem sucesso!
-Por Favor este é um orgão governamental não temos interresse em receber esse tipo de mensagem, é possivel nos excluir também?

-Favor excluir meu email desta bosta!!!!!!!!!!!!!

Dei minha contribuição não respondendo. E paro por aqui, agora, é deletar. E enquanto deleto, penso, como em todos os anos, se há mais sinceridade ou formalidade nessas confraternizações marcadas por datas que se tornaram mais convencionais do que verdadeiras, como eram para os nossos pais, ou já foram um dia na nossa vida.
Sempre me vem a nostalgia e uma ponta de inveja mesmo de quem comemora fervorosamente na missa natalina, capricha na árvore, recebe família e ou amigos com muita animação e vive intensamente o seu Natal. Tenho saudades de tempos muito mais simples, em que a grande novidade era ir à Missa do Galo, à meia-noite, com os meus irmãos e a minha mãe, em tempos pré-violência, fosse onde fosse, no Rio, em Itaipava, em Petrópolis. Mais tarde, de quando a filha e os sobrinhos acreditavam em Papai Noel. Singelos tempos, mas é com novas alegrias que a gente lida e se aquece, e sinceramente.

Na minha vida, a internet entrou pra valer – arranjei um blog que me traz trabalho sem nenhum tostão, é muito mais subjetivo do que objetivo, mas de maneira nenhuma um tempo perdido, ou eu não estaria aqui. Sou grata também pelos blogs e sites que leio, essa rede me enriquece e alimenta a cada dia, de muitas maneiras.
Não vou pretender pensar no sentido da vida, mas o dessas datas, religiosas ou não, como o sentido de todos os calendários, acho que é o de renovar, recomeçar, avançar, e apenas guardar o que vale guardar.

domingo, 19 de dezembro de 2010

Palavras não são apenas

Por que será? Tantas palavras boas terminam com ia: alforria; a campeã: alegria; cantoria; um nome bonito: Maria; hum, ambrosia; jelosia – fecha e abre segundo a nossa vontade; algaravia. E a sempre almejada: harmonia.
Sozinho, esse encontro de vogais não funciona: ia, não foi. Mas palavra lá tem culpa?
Resultam da lida e da inteligência dos homens, e encerram mais do que o dicionário diz que são. Um nome não é feito só das letras com que é escrito, mas do que o nosso sentimento faz com ele.

Por gostar palavras e de flores, no Jardim Botânico descobri acidentalmente hoje que Bogari, que antes era para mim apenas o nome de uma rua, é uma rua porque é um jasmim.
E assim um pequeno nome de seis letras ganha forma, cor, perfume, e acalma os sentidos dos passos que a gente dá em uma calçada.


sábado, 11 de dezembro de 2010

Estrela, aquela (e o que mais nos conduz)


Volta e meia tenho vontade de escrever sobre o Botafogo, mas a primeira vez que fiz isso já me mostrou que é mexer em casa de marimbondo – minha postagem foi rastreada na rede e minha porção botafoguense foi questionada por conta de uma frase dúbia, não era nem afirmativa!
Eu não aprendo.
Outro dia ouvi uma admoestação de um colega que me disse que era o cúmulo ter nascido entre fundadores do clube e pensar - nem pensar! - em não ser botafoguense. Afinal, era “um clube de elite!” Fiquei espantada, de tanto que sou desconfiada das elites, estejam elas onde estiverem. Não importa se é na torcida do Botafogo que elas se encontram, não estaria com elas apenas por se sentirem a nata da nata, porque elite aqui não significa ser superior ou destacado e sim ser ou ter sido privilegiado e protegido, e nesse sentido, me parece que o Botafogo não apenas foi, ao longo da sua história, mas que isso ajuda a vestir a camisa com mais orgulho. Admito a minha ingenuidade: acreditava que pessoas que se sentem privilegiadas tivessem alguma solidariedade com as que eles não consideram que “nasceram em berço de ouro”. Nem explicitassem com tanta falta de cerimônia o preconceito contra o Flamengo da forma que já presenciei mais de uma vez, e não foi no calor da vitória nem na derrota. Quando o Fluminense ganha, o que mais ouço é: “bom, pelo menos não é o Flamengo.”
O Botafogo é a paixão mais marcante, cega e constante da quase totalidade da minha família, e reconhecer que quem jogou melhor tem o direito de ganhar uma partida não consta no dicionário dos apaixonados.
Eu até entendo, mas não consigo deixar de pensar no que seria do vermelho, ou do verde se todos gostassem do preto e branco, nem achar que isso seria mais normal do que se ajoelhar diante de uma estrela como se fosse a Meca (bom, eu nem entendo a Meca, mesmo...)
Lembro que um dia o Caulos fez uma charge no Jornal do Brasil que tinha uma estrela - não a do Botafogo, era a estrela do Natal que ele questionava – mas teve que dar explicações à minha avó, num telefonema, às sete da manhã.
Lembro também que ela ouviu de uma pessoa ligada ao clube, um comentário desabonador sobre o Botafogo. Ela não teve dúvidas e ligou para a diretoria. Prometeram tomar providências, mas desabafaram: - “Também a gente não poderia imaginar que a senhora estaria vigilante, assistindo a uma mesa de futebol que foi ao ar a uma da manhã!”
Eram, e continuam sendo, onipresentes. Olha o risco que eu corro...
Já ouvi dizerem que o Engenhão está muito mal conservado, e quem diz são os jornalistas – todos suspeitos de serem botafoguenses. Verdade é que o Botafogo não cuidou bem das suas sedes. Eu aqui não saberia citar fontes, mas um verdadeiro botafoguense deveria saber, e se defender! Eles têm toda razão de questionar o meu pedigree...
Distraída como sou, vou deixar de lado esse assunto. Aqui, sempre me interessou mais a questão da paixão do que a do futebol, e como não espero que nenhum marmanjo me absolva, acho mais seguro ser discreta com as minhas, e tratar das menos polêmicas.
Na linha de paixão incondicional e declarada, no começo da fila, não há como não pensar em filha - digo filha, porque é o meu caso. Não torturei a minha obrigando a torcer por um time que não ganhava havia muito tempo.

E se tivesse tido mais uma, teria chamado Isabel. Não pela princesa, mas pela Vila. Ela não ia reclamar! Samba é mesmo um feitiço sem farofa.
Mas farofa...huuuum...

“Eu sei por onde passo
Sei tudo que faço,
Paixão não me aniquila
Mas tenho que dizer
Modéstia à parte, meus senhores,
Eu sou da Vila” ( Noel Rosa)

Viva o centenário Noel!

Obs: a foto é da inauguração da pedra fundamental do Botafogo F.C.
A seta que indica "papai", mostra o meu avô.

domingo, 5 de dezembro de 2010

Crônica de Paquetá





















Paquetá, linda ilha de amores
Paquetá és um ninho de flores
Tens as praias vestidas de sol
E tem sereias que se pescam sem anzol!

sábado, 4 de dezembro de 2010


O Fado De Cada Um

Bem pensado
Todos temos nosso fado
E quem nasce malfadado,
Melhor fado não terá!
Fado é sorte
E do berço até a morte,
Ninguém foge, por mais forte
Ao destino que Deus dá!

No meu fado amargurado
A sina minha
Bem clara se revelou
Pois cantando
Seja quem for adivinha
Na minha voz soluçando
Que eu finjo ser quem não sou!

Bom seria poder um dia
Trocar-te o fado
Por outro fado qualquer
Mas a gente
Já traz o fado marcado
E nenhum mais inclemente
Do que este de ser mulher!

Amália Rodrigues