domingo, 19 de agosto de 2007
FEITIÇO
Em Nairobi, passei pela Kibera, a maior favela da África, e a segunda maior do mundo, só perde para a campeã indiana, em Mumbai. Seu nome vem de kibra, uma palavra núbia que significa “selva, floresta”. Talvez tenha um milhão de habitantes. Não é pouca coisa. Tem em comum com Manhattan a mesma área que a do Central Park... o que não é troféu para país nenhum. O Quênia é mais estável e mais organizado que seus vizinhos, e por isso mesmo muito invadido principalmente por núbios e somalis.
Mesmo assim, encontrei brasileiros bem situados na vida, que sonham em ficar ou voltar para Nairobi. Por que será? É uma cidade perigosa, com violência, muita repressão e desigualdade. Brasileiros entendem disso.
No Quênia se fala 42 línguas. As crianças têm aulas, nos três primeiros anos, em sua língua mãe, para evitar que ela se perca. Depois, começam a aprender nos dois idiomas oficiais, inglês e suaíli. Isso deve significar uma abertura para novas línguas. Tínhamos lá um motorista-guia, o Peter, muito disposto a aprender português. Tivera com um amigo algumas aulas de espanhol. Das palavra que ouvia de nós, a que deixou o Peter mais curioso e interessado foi “cri-cri”, que ele pronunciava "gri-gri". Tínhamos um cinegrafista perfeccionista, rotulado constantemente de cri-cri por um repórter impaciente. Abrindo um dicionário agora, por acaso, dei com a palavra gri-gri, em ioruba, “encantamento, feitiço”.
Africanos entendem disso.
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