quarta-feira, 7 de abril de 2010

Muito prazer


Adoro comida, isso determina escolhas pessoais e até escolhas políticas: voto sempre pensando em comida para todos. Há quem discuta controle de natalidade, eu não vou até aí, só consigo pensar que é básico e sagrado o direito, para todos os que nascem, de comer.
Tive todos os apelidos ligados à minha condição de magreza acentuada na infância e adolescência – Olivia Palito, Biafra, eles foram sendo atualizados pela vida afora. O mais antigo que lembro era Pinóquio, porque além de muito magra, tinha nariz grande. Crianças são cruéis com as outras, mas não eu não ligava muito pra nenhum deles.
Talvez adivinhasse que um dia os quilos chegariam, e parte deles não parte mesmo, não adianta. Depois de três crises na lombar, abandonei o pilates. Resolvi pegar mais leve, para recentemente (re)descobrir que além de aquariana sou mesmo aquática – praia e piscina são o meu meio. E talvez só para me consolar, penso que ao cabo de algumas décadas, magreza artificial nem sempre cai bem.
Tenho contra mim o fato de ter passado a vida colecionando, além de apelidos, receitas culinárias. Estou há anos afastada da cozinha de casa, mas gosto é gosto, tenho outra na mira, onde as receitas e os apetrechos culinários hão de ficar mais à vontade. Modesta e minimalista, discretamente, ando mesmo determinada a cuidar dos meus prazeres. E não deixando de lado um olhar profissional, sempre pensei que se um dia não conseguisse mais nenhum emprego, iria cozinhar pra fora e ser feliz. Os sonhos, mesmo que se queira só sonhos, nos relaxam. Bom, eu só relaxo porque eles, mesmo devagar, me empurram para a realidade com que eu sonho, mas não importa, relaxar e aceitar os limites que a vida nos impõe são conselhos que eu pretendo adotar como lema. Deus me ouça.