domingo, 12 de junho de 2011
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Vi com tristeza a implosão da antiga fábrica da Brahma no Centro do Rio, para ampliação das arquibancadas do sambódromo. Era tombada, foi destombada para poder ruir. A Ambev pagou, aos cofres públicos nada custou, e era fundamental, segundo quem decidiu. Já foi fundamental em pé um dia, já que um dia foi tombada.
Antes ainda, abrigou fumaça na longa e típica chaminé, e apitos, como a outra fábrica que Noel imortalizou. Mas além da expansão dos ingressos para o samba, teremos ali nos Jogos Olímpicos competições de tiro com arco, portanto era indiscutível.
No pé da notícia, e tenho visto e dado poucas nos últimos tempos, mergulhada que ando em concreto e dissabores concretos, moradores desalojados se lamentam. Imóveis desapropriados e mal pagos forçarão certamente uma mudança para longe. Não saberemos se houve justiça ali.
Implodir vidas, planos e sonhos não demanda tecnologia, apenas a mistura de ingredientes do que a humanidade tem de pior: uma boa dose de insensibilidade, uma pitada de avareza, ganância, desrespeito, desonestidade quem sabe?
Em outros casos, um erro de cálculo, uma avaliação mal feita...
O que vale a vida e o que vale na vida?
Os problemas concretos básicos fundamentais e prementes vêm antes, é claro. Os outros ficam menos à flor da pele, temos camadas, como as que vão se sobrepondo em uma cidade que caminha.
Tristeza, nostalgia, destruição, impossibilidade, contrariedade, lamento.
Leite derramado.
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