segunda-feira, 18 de julho de 2011
Humaitá – o que será
Pessoas têm humores, num dia estão tristes e noutros não, algumas acordam tristes num dia e noutros também, outras não ficam tristes nunca. Isso é normal, mas eu me sinto sempre o oposto de uma ciência exata. Não estou à procura de um diagnóstico, acho que venceu meu prazo de validade para investigar questões internas. Seja o que for, é isso. Foi o que se pode arranjar. E enquanto viver, terei sempre uma crise de identidade por perto.
A que mais me embaraça é ter que responder por que time eu torço. Eu realmente torço, para mais de um, e essa questão não será resolvida. Outras me confundem mais, mas aí a gente deixa de lado. Já entendi que há uma diferença entre coragem e loucura, só que acho muito difícil dizer o lugar certinho onde passa essa linha.
Vivo numa encruzilhada entre Lagoa, Humaitá e Jardim Botânico. Oficialmente é Lagoa, mas bem perto, no largo do Humaitá, chamado Largo dos Leões, tem uma loja que vende capas de almofadas bordadas com as características de cada bairro. São lindas, e tive que comprar as três: Lagoa, Jardim Botânico, Humaitá. Levei também Santa Tereza porque talvez eu não dê três pulos em rumo, como dizem em Minas, um pouco longe daqui.
Passei um bom tempo conversando com minha querida tia Mariazinha, procurando saber melhor de onde eu vim. A gente só se interessa pelo passado depois de passado um tempo na vida. Ela mora no Humaitá, ando muito por lá, e me contou um dia onde era a casa em que minha mãe morava quando se casou com o irmão dela, meu pai. Hoje existe lá um grande prédio, justo onde, por total acaso, tenho cruzado a rua todos os dias. Mesmo sem muito rumo, parece que não me perco.
E de tanto que eu sempre gostei de procurar, comecei há muito uma coleção de dicionários, e num de tupi-português fui procurar a tradução do nome – há controvérsias, mas tem sempre uma pedra no meio dos nomes indígenas que procuro, ou é dura, ou é preta, ou é podre, ou “a que agora é negra”, como dizem que quer dizer Humaitá. Devia ser uma grande pedreira a vida dos índios brasileiros, mesmo antes da devastação portuguesa.
Família, energia, alento, caminhos. Temos que pelo menos tentar escolher os nossos, até mesmo sem saber direito onde vão dar.
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