sábado, 29 de dezembro de 2007

Novo, velho, velho, novo, novo, velho, novo de novo...


Todo finalzinho de ano, lá vem ela, a tal esperança de renovação.
Recomeçar sempre. Deixar os problemas para trás e enfrentar novos desafios parece mais fácil e revigorante do que renovar o que não é novo, mas eu desconfio que chega uma hora que até novidade, quando é muita, se repete e cansa...mas o momento não é, definitivamente, de cansaço, portanto, xô cansaço!!
Existe por aqui um deslumbramento com o novo, seriam traços de país ligeiro e inculto um pouco além das medidas ? O espírito que aqui reina não parece voltado para a permanência e a duração, é muito mais freqüente a decisão de rebatizar e mudar a fachada, botando um par de vasos diferentes na frente se alguma coisa não estiver a contento, do que pacientemente procurar desacertos e corrigir rumos, talvez porque isso implique em ir ao cerne das questões. Sendo assim, Ano Novo faz sempre muito sucesso.
Raro é o ano em que não recebo de alguém esse trecho de poema do Drummond, que tem, no entanto, a felicidade de não gastar nunca:

"Para ganhar um Ano Novo, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo novo; eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre".

Pode não ser fácil, mas tentar sempre vale, e o mundo conspira a favor, muda tudo o tempo todo, quanto mais a gente vive, mais sente as mudanças...
Outro dia achei uma foto minha com as torres gêmeas do World Trade Center ao fundo e pensei que esse cenário não existe mais. Estava no Japão quando elas foram abaixo e só sei que o mundo mudou muito a partir daquele momento. Resolvi guardar o que tenho com referência ao WTC, que não é muito, e não é mesmo nada para quem tem mania de guardar, numa caixa ou no peito, o que interessa e gosta, sejam lembranças ou um cardápio do Windows on the World, o restaurante do andar 107 de uma das torres.
E aí reparei que a camiseta que eu estou usando para dormir, a preferida, porque com o tempo foi ficando cada vez mais leve e macia, foi comprada na Orchard Street, a rua de comércio judeu na Nova York de outros tempos. É daquelas camisetas com desenhos de pontos turísticos de uma cidade, hoje é lugar comum, mas a primeira que eu vi e comprei era novaiorquina. Tem o Empire State Building, duas dançarinas da Broadway, uma maçã, três árvores do Central Park, o táxi checker/amarelo, uma shopping bag, a Brooklyn Bridge, a Estátua da Liberdade...e não tem o World Trade Center ainda.
Ele não existe mais, e minha camiseta resiste sem um furinho. Vou guardá-la. Não sei o que vai ser da minha decisão de me livrar de muito do que guardo, mas vou acolher bem o Ano Novo, com as esperanças de sempre, com as novidades que ele trouxer. A questão não é ser velho ou novo (não estou advogando em causa própria!)
É ser bom, e merecer ser mantido, guardado, lembrado.


Feliz Ano Novo!

Um comentário:

Anônimo disse...

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