Aqui, pensei em escrever o que gostaria de ler, mas não lembro de ter lido. Será que é porque não se diz?
Ou o que se diz não se escreve? E o que se escreve não se faz? E o que se faz não se discute?
E se quando a gente chegar até onde quis avançar a Estátua da Liberdade já não estiver mais lá, como no planeta daquele filme dos macacos sábios?
Só converso sobre casamento com quem tem mais de trinta anos no ramo. Só o tempo permite a justa medida da dor e delícia de ficar casado por muito tempo. Vale o esforço?
Sabemos, sem precisar de dados oficiais, que casamentos duram cada vez menos. Isso faz com que pessoas que, entra década, sai década, continuam casadas, sejam olhadas com a curiosidade que desperta o que é excêntrico ou raro, e muitas vezes até com a condescendência e a superioridade de quem se acha menos conservador ou mais sincero consigo mesmo. O homem é definitivamente um animal que critica (e não é muito chegado à autocrítica, também). Já vi um monte de conselhos, teorias e regras para manter ou salvar casamentos, mas não seria o caso de se pensar primeiro nas pessoas envolvidas, antes de pensar no sucesso da instituição? Vida é muito pessoal, deveria ser olhada mais pessoalmente...
Muita coisa mudou nos últimos tempos, e quase tudo veio na contramão do casamento.
E já que a cada nova pesquisa científica encolhe a lista de espécies tidas como monogâmicas entre os animais - até os pombinhos caíram por terra, ou se libertaram, dependendo do ponto de vista - e que a paixão nada mais é do que mero impulso reprodutor, é caso de perguntar: o esforço de se fazer adotar a monogamia entre a espécie humana foi digno de louvor ou de pena?
Para não seguirmos as mesmas leis que regem nossos parentes irracionais, o homem entrou com algumas melhorias, afinal, estamos um passinho à frente deles. Mas será que não pagamos um preço alto demais, comprometendo tão radicalmente o nosso inegável e irreprimível desejo de liberdade e alegria?
“Prisão de cinco estrelas”, definição de casamento do ator Yves Montand.
Um casamento de longa duração passa por tantas fases, que é na verdade vários casamentos diferentes. Às vezes um deles não dá certo, o que não desmerece ninguém. Louvável é conseguir o caminho para chegar a bom porto, seja ele qual for.
Casamentos resistem e/ou acabam pelos mais variados motivos. Perder é do jogo, e não seria tão doloroso se não fosse o excesso de vaidade, orgulho, exercício de poder, dominação e medo da perda, mesmo que a gente não se dê conta. Rejeição ou culpa não seriam agravadas por intransigência, rigidez, orgulho, vaidade, posse? Muitas vezes, são atitudes muito mais convencionais do que naturais.
Seria essa uma atitude fria, onde não caberia frieza? Mas que dose de romantismo reside em um padrão de casamento?
Resumindo: amar é viver na corda bamba, sempre. É preciso estar atento e forte, é preciso muito engenho e arte, é preciso suar a camisa. Inércia não cabe aqui.
Assim como a felicidade, o amor precisa de vento sem parar. Alguém tratou disso com mais beleza e propriedade do que Vinícius de Morais?
Com a própria vida, Vinícius mostrou que o amor está mais para efêmero do que para eterno...
Mesmo assim, existe sentimento melhor no mundo?
Só que não é igual para todos, ou não é sempre para todo o sempre. Como conciliar nosso ocidente com o oriente?
Marte, Vênus, Terra, a nossa cultura e mais a força da natureza?
Viver é um mistério e é também a chave do mistério.
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