segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Papo cabeça, sem pé, muitas perguntas e nenhuma resposta


Se está difícil aceitar o rumo que a vida toma, ou saber que rumo se toma na vida, talvez seja porque você não tenha na frente a opção ideal...talvez é uma palavra danada, porque podendo pender para o sim ou para o não, pode guardar a tão abençoada esperança, mas com certeza mesmo, encerra incerteza, e você não sai do lugar. A opção ideal não existe, a gente deixa de lado, melhor olhar as que a gente tem em perspectiva.
Estar no caminho certo ajuda, e é dentro de você que deve chafurdar, sem dó nem piedade, e ainda por cima com sinceridade...porque não vai achar a resposta dentro de um biscoito chinês, no muro de um templo japonês, num terreiro de macumba, na bola de uma vidente, nas cartas de uma cartomante, ou na cabeça ao lado - já procurei e não achei.
Mas mesmo para quem não é de todo desligado, dentro da gente o terreno é às vezes muito vasto, tem pântano, tem sombra...lá vem o Rosa de novo: “Coração da gente – o escuro, escuros.”
Voltando ao nosso quintal, ou ao nosso muro: em cima do muro, por mais largo e sólido que ele possa ser, é impossível achar uma posição confortável por muito tempo. A busca, no entanto, continua difícil:
vai esbarrar no contracheque, na vontade do chefe, no problema da família, nas consultas que tem marcadas, na dieta que não fez, na omelete sem quebrar os ovos, nas análises que não quer fazer.
E vai chegar à conclusão que não se conhece o suficiente. Sem saber se vai ter tempo pra isso.
Por via das dúvidas, leio sempre os analistas de plantão, e li que nas situações em que a gente não acha a saída, é porque a hora de perguntar é na entrada. Mas e se a gente perde a hora, meu Deus?? Não sou pontual! Não há escolha sem perda, ainda lembra o danado.
Mas lembro de ouvir de um amigo que a psicanálise não resolve nada, ela arruma tudo nos escaninhos, e dá nome às pastas. Ajuda? Melhor poupar, por hora, o dinheiro do analista.
Seria melhor não pensar? Mas não pensar na gente, ou não pensar nos outros? Dá para escolher as duas, só a primeira, só a segunda ou uma opção anula a outra?
Clarice Lispector disse uma vez que já nasceu incumbida, um jeito preciso de mostrar como o mundo era pesado para ela e como o tempo era curto para fazer o que queria. Mais uma vez, disse tudo, e eu entendo perfeitamente. Preferia não pensar tanto. Mas vejo que tanto o talento quanto a procura, se não livra as pessoas do câncer, salva do tédio, do esquecimento e da mediocridade. E permite que de vez em quando, por alguns momentos, a gente fique leve, leve...de pernas pro ar.

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