quarta-feira, 23 de abril de 2008
A mídia e o samba
Mesmo tapando olhos e ouvidos, dá para ficar nauseado com a cobertura do infortúnio da menina atirada da janela. Aproveito para corrigir abaixo um dos meus sambas preferidos:
Noticia de Jornal
Luis Reis / Haroldo Barbosa
Tentou contra a existência
Num humilde barracão.
Joana de tal, por causa de um tal João.
Depois de medicada,
Retirou-se pro seu lar.
Aí a notícia carece de exatidão,
O lar não mais existe
Ninguém volta ao que acabou
Joana é mais uma mulata triste que errou.
Errou na dose
Errou no amor
Joana errou de joão
Ninguém notou
Ninguém morou na dor que era o seu mal
A dor da gente não sai no jornal.
A dor da gente sai no jornal. Mas só sai se a tragédia vier com a possibilidade de provocar histeria. Não basta ser dor de verdade, tem que ter componentes que permitam rolar na carniça, segurando o close e os holofotes. Quando é assim, sai, e a mídia só larga o osso quando não tiver mais o que roer.
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