sexta-feira, 11 de abril de 2008

Perímetro urbano


Não corria tanto sangue árabe e nômade, na península ibérica de onde tantos de nós viemos? Tanta valentia nos mares do norte e do sul? Não interessa. Tribos urbanas precisam se assentar.
Extensas planícies africanas despovoadas, o deserto para conquistar, o estímulo do medo do que o deserto esconde na distância e que um dia pode chegar e nos aniquilar, a solidão dos vales, montanhas para cruzar, o sonho do oásis?
Não temos mais.
Em nome da prudência, precisamos ficar quietos num lugar, tratar de sobreviver convivendo com as outras tribos, brigando por dignidade, querendo respeito, querendo tomar o lugar das outras, arrogantes e burras, caídas do céu, subidas ao céu, vencedoras sem pudor, passando rasteira, abrigando, sendo abrigadas, desniveladas, glorificadas, preteridas, enquadradas, reconhecidas, acolhidas, pisando nas outras, dando bote, ganhando terreno, inocentes, perdendo terreno, brigando por pão, querendo brilhar, cavando seu lugar ao sol, agressivas, competitivas, vivendo e deixando viver, recolhidas, defendidas, querendo sempre mais, querendo muito, cegas, surdas, mudas, loucas, manipuladoras, alopradas, com caráter, sem caráter, cansadas, mal-intencionadas, querendo ser aceitas, querendo ser amadas, ligeiramente contentes, tentando o reino dos céus. Inferno de Dante?
Não. Só a massa vivendo o seu dia-a-dia, com os níveis mínimos de neurose preservados.

Um comentário:

Anônimo disse...

Noto a qualidade das fotos, sem com isso menosprezar o texto, cada vez mais apurado. mas as imagens estao cada vez mai sofisticadas!!
Parabens!
Assimina