terça-feira, 29 de julho de 2008
Na arca de Noé, onde não cabem todos, craques da pesada e memória de elefante
Um parque onde se pode ver um rinoceronte vagando tranquilo embaixo de um pé de acácia, com os edifícios do centro da cidade ao fundo, a uma distância de apenas sete quilômetros, mesmo na África não é comum.
A 20 minutos do centro de uma das maiores cidades da África tropical, os quase cento e vinte quilômetros quadrados do Parque Nacional de Nairobi abrigam uma centena de espécies de mamíferos, incluindo quatro dos chamados “big five” da fauna terrestre. Entre permanentes e migratórias, são quinhentas espécies de aves. O parque só não é grande o suficiente para manadas de elefantes, embora bebês possam ser vistos lá. Num dos mais bem sucedidos santuários para rinocerontes negros, os visitantes encontram zebras, girafas, gazelas, búfalos, babuínos, avestruzes e muitos antílopes, mesmo assim o orfanatos de elefantes é sem dúvida o ponto alto do parque. É para lá que vão os elefantes órfãos de mães abatidas por caçadores ilegais. E de lá são distribuídos pelos vastos parques do Quênia, quando já podem se virar sozinhos.
A hora da mamada tem sempre platéia garantida.
O jogo de futebol das crianças tem que ser de cobertor. Faz frio em Nairobi, em torno de doze graus em julho.
Visitas não faltam. As escolas aproveitam a proximidade com a cidade para levar crianças que, de outra maneira, não teriam como ver os animais que deslumbram os turistas. A maior parte da população queniana não tem carro nem dinheiro para visitar os parques.
Ouvimos da diretora do orfanato uma história inacreditável: um guarda- parque, em um dos maiores parques do Quênia, foi perseguido por um elefante, um comportamento totalmente gratuito e inesperado. Quando ele se aproximou, passou a tromba ao redor do pescoço dele, num gesto de carinho. Só depois que soube de onde esse elefante tinha vindo ele se deu conta de que tinha sido sua “babá” no orfanato de Nairobi, quarenta anos atrás. Elefantes realmente nunca esquecem. Sabem identificar cada indivíduo. São muito mais humanos que nós, segundo Daphne Sheldrick, a viúva do fundador do orfanato, que desenvolveu uma fórmula especial de leite com côco e cereais para as mamadeiras. Um bebê elefante de menos de dois anos morre se ficar por mais de 24 horas sem leite.
Mas a história mais surpreendente que pude testemunhar lá foi a de um rinoceronte criado no orfanato. Rinocerontes são muito perigosos. Esse tem catarata e não enxerga quase nada, mas fica solto na mata e volta para sua jaula, no orfanato onde foi criado, todos os dias, no horário das refeições.
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Um comentário:
ai, q coragem...ui!
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