segunda-feira, 7 de julho de 2008

Toiret

Toalete é uma palavra de origem francesa, mas por justiça deveria ser japonesa, tal o cuidado dos japoneses com o insólito tema tratado aqui, mas o contato é imediato, impossível não reparar o grau de diferença. O Japão é um país muito limpo e até nisso é curioso, já que latas de lixo são pouco encontradas nas ruas. Existem, é claro, mas não nas proporções ocidentais. Em terra de povo recatado e comedido, não se come na rua, na rua quase não se produz lixo. Tudo é privado e reservado (dispensando aqui qualquer trocadilho).
Até entre quatro paredes você pode se sentir um analfabeto no Japão. Os desenhos às vezes ajudam, mas gesticular, nem sempre. Gestos partem de códigos pré-estabelecidos, e no Japão só poderiam ser diferentes também. Na primeira terma pública em que entrei, colecionei gafes. O Japão é um arquipélago de ilhas vulcâncias. Em muitos hotéis por onde passei, havia termas, banhos maravilhosos em piscinas quentes, quase fervendo, algumas com “cadeiras longas” de azulejos e jatos de hidromassagens. Todas coletivas, apenas com divisão entre homens e mulheres. Ficam abertas durante toda a noite, geralmente fecham apenas entre 9 da manhã e meio dia, para limpeza. Em todas, eu era a única ocidental. Na entrada dos “onsen”, os chinelos devem ser deixados na antesala.  Descobri quando uma japonesa saiu correndo atrás de mim, agitando os braços. A toalha não pode entrar na sala de banho e vapor, nem para enrolar os cabelos, como eu pretendia. Ali, a japonesa apontava para baixo, insistentemente, o que me fez jogar a toalha na piscina quente. Aí ela botou as mãos na cabeça! Depois entendi, só se entra com um paninho, que serve para esfregar o corpo. A chave do armário onde ficam nossas roupas,  levamos presa no pulso. Impossível fotografar por motivos óbvios, mas quase todas tem um enorme balcão com lugares individuais como nesse banheiro de hotel, e em cada um, tudo que é necessário para um banho, que se toma sentada num banquinho. Depois de se ensaboar e enxaguar com um chuveiro de mão, vamos às piscinas! Não falo só de banheiros em bons hotéis. Viajei metade do Japão de carro. Banheiros de beira de estrada eram um capítulo à parte.O capricho era igual, até nos mais simples, sempre com flores naturais, mesmo tendo uma garrafa de plástico como vaso de flores. Neste, havia um apoio para bengala.Instruções para o uso do vaso sanitário são fundamentais, porque ele só falta falar. Você escolhe a direção e a temperatura da água no chuveirinho-bidê embutido no vaso, e do ar para secar que substitui a toalha.   Aqui, com controle remoto.Para a banheira, novas instruções.
Mesmo em Tóquio, ainda encontrei muitos banheiros orientais, aqueles que são só um buraco no chão. Devem fazer bem para os músculos das pernas, mas são um desconforto só, difícil de entender, quanto mais de se acostumar. Em banheiros assim,aprendi a entrar sempre na ultima cabine, é o lugarzinho que reservam a um bem vindo vaso sanitário ocidental.

No hotel em Nagoya, um hotel executivo que fica dentro do aeroporto, o banheiro se dividia em três partes. Não era um hotel de luxo, mas era um luxo: o que seria o box era literalmente uma sala inteira de banho. As malas podem e devem ser mesmo compactas nas viagens pelo Japão. Em hotéis de vários níveis encontrei sempre quimonos e chinelos e todo o aparato de higiene. Em viagens de trem, o tempo em que param nas estações mal dá para entrar no vagão, sem chance para carregar muita bagagem. Com a tralha de filmagem que carregamos, entrar no trem em poucos segundos vira uma operação de guerra. Se estiver muito carrregada, melhor despachar. Despacha-se tudo, nos próprios hotéis, para o próximo hotel e, geralmente transportada pelo Gato Preto, no dia seguinte sua bagagem estará esperando por você sem a menor chance de extravio, que japonês não pode errar... 

5 comentários:

Anônimo disse...

To the author of this blog,I appreciate your effort in this topic.

Selma Boiron disse...

Estou adorando conhecer o Oriente a bordo de suas observações. Vamos continuar viagem nos próximos posts, né? Abçs!

vanda viveiros de castro disse...

Que bom, Selma, vamos sim!
Antes disso, se quiser um pouco mais de Oriente, você pode encontrar aqui no blog nos meses de maio e junho de 2007, outra parte do Japão, de uma viagem anterior, e um pouquinho de China também... Bjs!

Selma Boiron disse...

Olha, Vanda, gostei imenso do Oriente mas....ADOREI o Quênia! A descoberta da 'bagunça', do 'mambembe', do mambo jambo, sen-sa-ci-o-nal! É minha leitura em 4 das minhas 5 horas diárias de web no ar. Espero mais das suas impressões de viagem! Abçs aquarianos e radiofônicos, ;)

vanda viveiros de castro disse...

Selma, aquariana e radiofônica! Deve vir daí a afinidade com esse blog! só posso mesmo agradecer, pois descobri que ainda tenho mais do Quênia para contar, prometo "voltar" lá...