sábado, 5 de julho de 2008
Welcome!
Na China, o cumprimento para os ocidentais era sempre good morning, a qualquer hora do dia ou da noite. No Japão, os tradutores ouvem muito e traduzem pouco. A desproporção é intrigante, mas ao traduzir, naturalmente resumem, aplicando o filtro das diferenças culturais. O pagamento de uma compra simples gera uma gentil ladainha que diz o seguinte: estou recebendo uma nota de tanto. Você quer pagar isto com esta nota de tanto? Aqui está tanto de troco, muito obrigado. Numa loja, paguei uma blusa e esperei pela sacola. Então percebi que o vendedor levaria a pequena sacola até a porta da loja, quando agradeceria e se despediria, desejando um bom dia. À entrada de cada cliente em qualquer loja japonesa, numa incessante cantoria, todos os vendedores dizem ao mesmo tempo: alô, seja bem-vindo, estamos à disposição, etc, e continuam fazendo o que estão fazendo. Mesuras e salamaleques orientais.
Neste hotel em Utoro, no alto de uma colina à beira-mar na ilha de Hokkaido, norte do Japão, todos andavam de quimono e chinelos pelos longos corredores atapetados. Chinelinhos são artigo de primeira necessidade, encontrados em qualquer quarto de hotel, especialmente nos mais simples. No tatame só se pisa descalço, chinelos só na entrada do quarto. E para o banheiro da suite, outro chinelo diferente. Nos quartos, armário com quimonos de vários tamanhos, à escolha do hóspede. A neve lá fora e as dimensões do hotel, fora da estação, lembravam muito o filme “O Iluminado”. Felizmente, sem o Jack Nicholson por perto.
O salão de jantar era uma praça de alimentação. Mais cantoria e alvoroço quando chegávamos nós, os ocidentais. O simples pedido de uma colher tirava todos da rotina, e imediatamente traziam quatro tipos e tamanhos de colher para escolhermos. Elas existem, mas eles não fazem idéia da finalidade que daremos para ela, já que a sopa se toma levando a tigelinha à boca.
Uma televisão sem audiência. Noite fria chegando, uma aconchegante biblioteca, nem um livro que não fosse em japonês...
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