A gente passa e pode nem se dar conta, mas na janela de um bonde em Lisboa, passando pela tinturaria Passas por Mim, me ocorreu que os nomes dos estabelecimentos comerciais de uma cidade revelam alguma coisa sobre o seu povo. É claro que não é ciência exata, mas se pesquisas de opinião são levadas tão a sério, me parece muito mais pertinente que isso revele um pouco das aspirações, desejos e gostos dos habitantes do lugar.
Em terras cariocas, os bares carregam a tradição portuguesa, e nos brindam com nomes como Bar Saca Rolhas, Conversas Fiadas, Tio Sobrinho, Primo Amigo, Dona Maria, Topa Tudo, Tentativa, Bofetada, C... de Fora ( é só uma portinha), Primo da Penha, Preto e Louro, Big Bem, Big Boca, Sete e Meia, Alfacinha, Bambi, Bebadela, Gandaia, Zé dos Telhados, Pavão Azul, Miss Brasil, Paz e Amor, e claro, Virgem de Fátima.
Não pensei em uma explicação para isso, mas nos nomes de edifícios encontramos o oposto da singeleza dos bares, e os mais pretensiosos passam por todos os títulos de nobreza e não têm graça suficiente para serem citados, mas me intrigam especialmente dois que tenho perto de casa: La Traviata, que imagino ser uma homenagem à peça de arte e não à transviada protagonista da ópera, e sem nenhuma intenção de estigmatizar as moradoras. O Residências La Maison foi batizado em dia não muito inspirado, e rivaliza com anedóticas traduções como Irmãs Sisters e O Pequeno Stuart Little.
Cidade é lugar de gente e a cabeça das pessoas é sempre uma interrogação.
Pois eu achei, acreditem, em São Paulo, um edifício chamado “Inspiração”!
Nenhum comentário:
Postar um comentário