domingo, 21 de setembro de 2008

Armas de sedução



Da mesma maneira que o pavão abre a cauda como um leque para impressionar a pavoa, e todo aquele belíssimo aparato serve apenas para o momento da seleção sexual (como se isso fosse pouca coisa), os masai pulam. Saltar, quando se reúnem para dançar, é uma competição que garante ao maior saltador a preferência das moças da aldeia.
A cultura aceita a poligamia, e ter muitas mulheres ali parece interessante, pois as mulheres são as grandes trabalhadoras desse povo, mas não é muito fácil obter um casamento. As mulheres masai (a pronúncia é massai) são concedidas em casamento mediante um pagamento em cabeças de gado. Muitos homens se casam muito tarde, quando finalmente conseguem reunir quantidade suficiente de gado para trocar.
Quem constrói a casa é a mulher, coisa que aprendem muito cedo. As meninas conduzem rebanhos de cabra, e fazem a comida.
De todos os mais de quarenta povos do Quênia, os masai são os mais conhecidos, por terem conservado seu jeito primitivo de viver, mas somam dois por cento da população do Quênia. Vieram do Sudão, onde eram a maior e uma das mais importantes tribos, para a região central do país, há cerca de mil anos, e conservam no Quênia práticas de povos nômades.
São temidos caçadores de leões, que hoje não caçam mais. Antigamente, matar um leão era a prova de um guerreiro para entrar no mundo adulto, mas hoje só atacam os animais selvagens se eles ameaçarem seu gado. Ainda assim, atravessam vastas áreas habitadas por leões apenas com o seu bastão de madeira. Alguns usam arco e flecha. Eles não plantam, só criam gado, e o gado é sua maior paixão. Bois e cabras são toda a sua riqueza. Comem carne, mas raramente abatem o gado. Se alimentam de uma mistura de sangue e leite. O sangue vem da jugular do animal, para produzir esse alimento que é um poderoso estimulante.
Vivem na reserva Masai Mara e em torno do parque Amboseli, onde seu gado não pode mais pastar, apenas beber água. Mesmo assim, flagramos algumas invasões no parque. Os hábitos são mais fortes que as leis, naturalmente, e mesmo que os conflitos sejam mais raros, ainda ocorrem.
No Amboseli, a pesquisadora local que administra o projeto dos elefantes – onde todos os cerca de mil animais têm nome - é de origem masai, e isso garante um entendimento maior entre as necessidades do povo e a preservação da vida selvagem.
Depois do jantar, em terra masai, é comum a demostração dos saltos. No nosso hotel de acampamento, era o momento dos que trabalham no hotel exibirem suas habilidades, e isso incluía o nosso chef, que deixava a cozinha e vinha dar seus pulos também.

3 comentários:

Selma Boiron disse...

Mto interessante a história dos pulos rsrsrs Ouvi recentemente de um sr. q viveu 10 anos na África q os zulus dão dote mínimo de 10 vacas ao futuro sogro pela mão da pretendida em casamento. E ele me relatou q, para dobrar uma pretendente, um nativo ofereceu além das vacas, tres porcos, um boi e dois bezerros, ao q um outro despeitado 'competidor' replicou: 'Isso não é um dote, é um zoo!' Pois é...

Selma Boiron disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
vanda viveiros de castro disse...

Não consegui esclarecer lá se a escolhida pode opinar e escolher de quem o pai vai ganhar a bicharada, espero que sim. Já muitas de nós, civilizadas, que não fomos trocadas dessa maneira, gastamos nossos dotes em suaves prestações comprando badulaques na Woolworth, na Mesbla, na Sloper, lembra da Sloper? lamentei especialmente o fechamento da loja de Petrópolis...