terça-feira, 2 de setembro de 2008

Nomes aos bois


Sou aquariana, tenho nome de peixe e de gaiola, mas nunca fui muito chegada a bichos, tenho mesmo dificuldade com seres irracionais. Meus irmãos tiveram cachorros, patos, galinhas, passarinhos, mas eu nunca tive intimidade com a fauna ao redor. Isso chegou a preocupar minha filha um dia, mas como filha é filha, ela concluiu que minha ligação com as plantas poderia preencher essa falha no meu caráter e fui absolvida, já que plantei roseiras enquanto tive terra e sol suficientes por perto.
Minha filha teve um beagle, que roía e cavava a casa inteira, voava e dava botes inesperados nas visitas, especialmente quando elas usavam algum adereço com penas, e isso só fez piorar minhas dificuldades com a fauna.
Meu interesse por animais – além de respeitar e torcer pelo conjunto da obra, isto é, pelo equilíbrio ambiental – está muito mais ligado ao interesse por viagens e descobertas de novas terras e o que circula por elas. E foi assim que descobri um zoológico bastante diferente dos que habitualmente conhecemos. Se consegue, como pretende, aproximar ainda mais os homens e os bichos, e fazer com que se respeitem, não sei, mas a idéia resultou muito interessante, mesmo para quem abomina zoológicos. Quem tem filhos ou gosta de crianças, sabe que idas ao zoológico são obrigatórias, e é sempre melhor do que deixar um filho na frente da televisão, mas certamente os animais enjaulados, se fossem ouvidos, não teriam a mesma opinião. Isso me lembrou o Macaco Tião, do zôo do Rio, e o tratamento que deu a um prefeito carioca (mais um que esperamos esquecer), durante uma visita oficial. Jogando nele toda a sujeira que produziu na jaula, me pergunto por que era considerado mais irracional do que quem elegeu aquele prefeito, bem como quem é que merecia estar dentro e quem merecia estar fora da jaula.
Voltando ao zoológico original, o de Asahiyama, que fica no centro da ilha de Hokkaido, esteve ameaçado de fechar por falta de público, e hoje é o mais visitado do Japão, mais ainda do que o de Tóquio.


A mudança aconteceu quando resolveram observar de fato os animais, e construir ambientes onde eles pudessem ter um comportamento parecido com o que tinham na natureza, mostrando aos visitantes suas características e habilidades.
E foi assim que os pingüins ganharam um aquário onde os humanos é que ficam presos dentro de um túnel de acrílico e podemos vê-los sob todos os ângulos, o que seria impossível se estivessem soltos na natureza.



Voam sobre nossas cabeças, como as focas, que podem exibir seu nado vertical em um grande tubo de acrílico, parte do aquário que tem acrílico no chão e no teto, para proporcionar uma visão total do movimento em volta.


Os ursos polares ficam um pouco apertados, afinal, estamos no Japão, mas nem assim deixam de dar o seu show, mesmo com a platéia a um palmo do nariz.


Na “bolha” atrás, podemos chegar bem perto e observar o urso do ponto de vista de uma foca em um buraco no gelo. Os alimentos são colocados nas jaulas de modo que os animais tenham que procurá-los, tentando reproduzir o que acontece quando estão soltos.


A marcha dos pingüins fica mesmo muito próxima.


“Capibara-san!” É como as visitas chamam essa hóspede brasileira.


Momentos de reflexão em terras japonesas.

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