domingo, 21 de setembro de 2008

Anything but love



Só com o tempo se avalia o quanto é enriquecedor conhecer outro país e beber em outra cultura. Aguça o olhar para enxergar a nossa, e quanto mais rica, melhor. Nada como as diferenças para ressaltar afinidades.
Matriculei minha filha na White Plains Middle School, uma excelente escola pública ao norte de Nova York. Se tivesse seguido um conselho que ouvi, fruto da nossa velha mentalidade exclusiva e excludente, teria ido parar em outro município, uma estação de trem acima, e numa escola “mais fechada, sem tanta mistura”. Bendita mistura a que ela encontrou em White Plains, onde estudava com americanos de todos os níveis, haitianos, mexicanos, brasileiros que não conheciam o Rio ou São Paulo, uma diversidade impensada aqui, e ainda muito pacata e sem violência.
Fiquei feliz quando soube que ela decidiu cantar no coral da escola, e mais ainda ao vê-la cantando músicas que via minha mãe ouvir. E que eu mesma cantava nas aulas de canto que resolvi fazer por lá. Só mesmo em outra terra teria coragem de soltar a voz, solando sozinha, numa língua que não era a minha, na frente de uma turma de estranhos, como acontecia a cada semana, e isso me ajudou muito na temporada que passei por lá.
Ok, a cultura americana nos invade há décadas. Seja como for, o que resiste, passando por gerações, ganha atestado de qualidade. Devemos defender a nossa, mas não há porque ter preconceito com nenhuma outra cultura que se possa assimilar. É a nossa bagagem pessoal, só acrescenta, especialmente para quem está em formação.

I can't give you anything but love, baby
That's the only thing I've plenty of, baby
Dream awhile, scheme awhile
You're sure to find, happiness and
I guess all the things you think are fine

Gee I'd like to see you looking swell, baby
Diamond bracelets Woolworth doesn't sell, baby
Til the lucky day you know darn well, baby
I can't give you anything but love

Woolworth, para quem não conheceu, era uma cadeia de lojas de pequenos departamentos, que vendia utilidades e quinquilharias de toda natureza. Passava lá diariamente, ficava a duas quadras da nossa casa. Acho que não pega mal confessar que me cortou o coração procurar uma Woolworth que eu conhecia de várias temporadas em Nova York e ouvir na vizinhança a informação: “they descontinued!”.
Não sei dizer se ela teria sido o Wal-Mart do passado, mas acho que nosso sentimento podemos globalizar sem culpa.

Um comentário:

Selma Boiron disse...

E a Braniff? E a Sears? E a Mesbla?...ah, cara blogueira, essas marcas q viram referências se desintegram e ninguém pensa em nós, órfãos mercadológicos....Pô, tb não sabia da Woolsworth...Q pena...