sábado, 7 de abril de 2007

Preciso de Férias!



Chomsky está decepcionado com Lula -
Esperava reformas sociais. Em vez disso, Lula governa para os banqueiros, diz ele.
Mas Chomsky diz que gosta do nosso presidente, aprendeu com ele a maneira esperta de comer em churrascarias rodízio, recusando as carnes menos nobres que vem primeiro. Li isso numa manchete bem grande, primeira página de jornal. Ele apontou também como fato muito positivo o fim da dependência financeira do Brasil ao FMI, já na segunda página. Porque na primeira página, na única manchete maior que a decepção de Chomsky, reinava soberano o apagão aéreo. Uma notícia bem pequena me tranquilizou, no entanto: falava da futura volta dos trens de passageiros. Quem sabe há mesmo males que vem para o bem? Vou ser a primeira a chegar na estação. Adoro trens, mas em matéria de política, sou simples, simplória até. Nunca tive partido, mas sempre votei com consciência e esperança.
Depois que meus pais se mudaram para a serra, eu visitava muito minha avó paterna, que morava em uma casa de dois andares numa rua sem saída em Botafogo, e uma bandeira do Botafogo hasteada na varanda de cima sempre que o time jogava. Ela passava muito tempo ouvindo no rádio programas de política e futebol, os dois maiores interesses dela. Dizem que os frutos não caem longe da árvore. Não ouço muito rádio, mas sou viciada em jornal. Qualquer jornal, mesmo os que não me agradam. E lendo jornais, em todos os jornais percebo que nos últimos tempos economia não é mais muito importante por aqui - não foi só o FMI que saiu da primeira página. O risco Brasil, a cotação do dólar também andam sumidos. A violência ocupou quase todos os espaços. E aí, eu volto a ser simplória: de barriga cheia, satisfeitas, as pessoas não ficam mais pacíficas? E pior do que o risco Brasil, é o risco de ser achada por uma bala perdida. Até a polícia trabalharia muito melhor se fosse bem paga. Mas aí a gente vai acabar falando de economia, distribuição de renda, reformas sociais. Chomsky não faz idéia de como o presidente dele fica bravo quando ouve falar em reformas sociais. Ele e a classe dominante, a de lá e a daqui. Por muito menos, por muito pouco não houve um golpe de estado na Venezuela. Impossível mesmo agradar a todo mundo.

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