domingo, 1 de abril de 2007
Verdades ou Nem Tanto
Vi recentemente uma pesquisa sobre infidelidade, que mostrava que o mais alto índice de infidelidade masculina se encontra na Bahia, e o de feminina, no Rio.
Antes que olhem desconfiados ou interessados demais para as cariocas, eu olho desconfiada para pesquisas, não para essa, especificamente, mas para pesquisas de um modo geral. Podem sempre indicar uma tendência, e dependendo de sua realização e abrangência, podem ser ou mais ou menos fiéis à realidade. Podem ajudar a vender algum produto,podem acertar ou errar, como já foi provado em tantas eleições. Mesmo assim, resultados de pesquisas são com freqüência assimilados como verdade líquida e certa.
Vi um exemplo disso no filme "Obrigado por Fumar": você pode não conseguir provar o improvável, mas desviando o foco, pode atenuar uma verdade indesejável (já que falei em foco, as coisas nem sempre são o que parecem ser: esse filme trata muito mais de hipocrisia do que de cigarros...).
Voltando ao tema da pesquisa: quando vi o resultado mencionado acima, lembrei do que ouvi do dono de uma sex shop com quem conversava em um grupo de trabalho – sem ser um estudioso, ele me pareceu um observador privilegiado:
“Ao longo dos anos, fui mudando a impressão que tinha sobre as cariocas. Elas são muito menos voltadas para o sexo do que o imaginário nacional parece acreditar. Na verdade agem com muito mais naturalidade e liberdade, e com muito menos malícia, premeditação, licenciosidade...”
Se assim for, quem sabe seriam mais sinceras que as outras ao responder uma pesquisa? E sendo assim, o resultado é questionável...
Mesmo sem nenhum julgamento de valor sobre o comportamento feminino, seja de que naturalidade for, e sem pretensão ou desejo de falir algum instituto, acho pertinentes a questão e o cuidado: pesquisas e especialistas tratam de tudo, mas nem sempre seus métodos e qualificações são tão claros quanto seus resultados. E elas têm grande poder de indução. Mesmo que possam nos orientar, podem também nos levar para a periferia da questão ou até para muito longe do lugar onde deveriam chegar.
Coincidências existem: já tinha escrito isso há alguns dias e ontem peguei no vídeo, consultando uma velha lista de filmes que não pude ver quando lançados, o filme "Kinsey, Vamos Falar de Sexo". Acho que quem viu o filme, além de ter visto um belo filme, vai concordar comigo, pelo cuidado com que aquela pesquisa foi realizada.
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