domingo, 10 de junho de 2007

Não rimarás amor e dor


“O grande mal é que culturalmente estamos acostumados a associar o amor a uma série de problemas que não lhe pertencem: a solidão, a dependência, a auto-afirmação. A solidão não se resolve através da vida amorosa, mas de uma relação fraterna e solidária com todos”. Antônio Alçada Batista, escritor português.

“A todos nos é dada a possibilidade de uma grande paixão, que às vezes deixamos de viver por causa do medo. Preferimos nos contentar com um amor em banho-maria, na forma de edições de bolso, que se pode adquirir em cômodas prestações, como as máquinas de lavar. Preferimos um amor doméstico, que nos faça ligeiramente contentes – nem felizes, nem desgraçados, apenas contentes. Não queremos viver a grande paixão porque, na realidade, nos assusta essa suposta possibilidade de anulação”. Antonio Gala, escritor espanhol.

A gente sabe quando é paixão, mas o que será a grande paixão?
A mais ardentemente desejada? A mais difícil de alcançar? Ou a difícil de sustentar? A que nos vem naturalmente? A que brigamos por ela? A que queremos mesmo se sabemos que não nos quer de verdade, ou a que sabemos que nos quer? Qual será a que tinha que ser?
O “amor doméstico” talvez não seja um amor medíocre, mas um amor possível.
A grande paixão pode ser absorvente, exigente ou ter um preço alto demais, e se não a abraçamos, talvez seja mais pela consciência desse preço do que por medo, por puro instinto de sobrevivência - sabemos que algumas paixões tem grande chance de acabar numa cena de sangue num bar da Avenida São João...
A paixão, razão da nossa vida, nem sempre tem toda a razão.
Já que o ser humano não vem com nenhuma garantia,
para não perder a cabeça, melhor ter os pés no chão. Mas atentos para não deixar de cair nas tentações que merecem o risco da queda livre.

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