Correndo na academia do hotel, a dúvida: e se bom mesmo for deixar essa esteira de lado e me acabar comendo pastéis de Belém? Mas eles não ficaram menos saborosos depois que começamos a contar calorias?
Nada mais difícil pra mim do que as dúvidas. Sou uma pessoa partida ao meio quando tenho que tomar uma decisão. Sempre dividida. Talvez algumas sessões de análise pudessem resolver isso facilmente, mas esta é outra das minhas dúvidas. Não sei: uma boa análise faz muito bem e pode encurtar dolorosos caminhos, mas não seria mais sólido chegar lá pela própria cabeça? Fico em dúvida. Às vezes parece até mais fácil suportar dor do que dúvidas.
Decidir é escolher, e quase sempre abrir mão de alguma coisa. Será excesso de apego, falta de maturidade crônica? Insegurança, medo, ou as marcas de algumas dores que não tiveram cura, e nunca terão?
Mas a vida é sempre viva e se renova, e voltando aos pastéis de Belém, pensei em duas palavras: felicidade e prazer. Quem tem real prazer é feliz?
Tem sentido controlar o prazer, coisa tão rara? Sem limites, pode comprometer a felicidade, mais abrangente e duradoura - será? dupla interrogação aqui.
O que é melhor, ficar magra ou comer pastéis? Certamente é estar feliz com o próprio corpo ou, comidos todos os pastéis, ter alguém que nos queira assim. Então, felicidade é ter amor. Amor incondicional. Mas quem tem, nem sempre se dá conta ou se contenta com o que tem, e eu confesso que me prefiro magra e saudável.
Felicidade pode estar num bom dicionário, adoro dicionários, mas nem sempre podemos confiar totalmente neles.
Um deles me diz que prazer é alegria e felicidade é sucesso.
Eu ligava felicidade à plenitude e paz, e estes sinônimos, não encontrei lá.
E como nada traz mais desassossego do que amor e paixão, fiquei em dúvida quanto à paz, e lembrei da letra do Chico de “A Ostra e o Vento”: “Ah, meu amor, para sempre, nunca me conceda descansar”.
Confiança, amizade, amor, paixão, o que vale mais? Amizade verdadeira é coisa rara e preciosa. Amizades costumam resistir mais que paixão. Mas para que pensar em duração, se não viemos ao mundo com prazo de validade - vide Blade Runner / O Caçador de Andróides?
Pensando bem, para que ter dúvidas? Ora, para chegar a um bom porto, às boas decisões. Decisões não são fáceis, nem mesmo com a ajuda dos astros, não basta o signo, tem que saber o ascendente.
Talvez a sabedoria esteja em deixar a onipotência de lado, a vida seguir seu curso e resolver um pouco por nós...
Mas e se o curso não for o que a gente quer, quem sabe a gente muda? dúvidas...
tenho, no entanto, uma única certeza: a gente nasce pra ser feliz.
Um comentário:
hum :)
temos algo em comum...castiço
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