sábado, 16 de junho de 2007

Do que somos feitos

Num livro para crianças que explica a vida, achei a mais apaziguadora resposta para a inquietação que a idéia da morte nos traz: falava da herança que se deixa, um traço do avô que se descobre no neto, o que fica e eterniza uma pessoa que se foi.
É disso que é feito o mundo, há muito tempo. Em última análise, somos o adubo para quem vem depois, e que pode se tornar uma versão revista e atualizada do que fomos, já que não podemos escolher continuar a ser para sempre, sendo planta, bicho ou gente, porque o ciclo da vida é assim, em todos os reinos. O consolo para nossa vida passageira e a explicação para a nossa existência é a constatação da permanência.
Pensando em idade madura, que nos faz naturalmente mais seletivos, me veio a idéia de mosaico, cada coisa que a gente vê ou gosta, vai juntando e se completando e se em algum momento a gente se sente lapidada pela sorte, à vontade mesmo, então é feliz. O que não quer dizer que esteja alheia ao que está em volta nem fechada às novas aquisições, aspirações ou conquistas, só significa que a gente está cada vez mais inteira. Não que não tenha nada que sobre ou destoe, que não possa aprimorar em um outro momento, mas mesmo isso não rejeitar, por saber que tudo tem ou teve uma explicação e uma razão no momento em que aconteceu. Pode ter servido para encontrar um ângulo melhor, um pedaço mais liso e colorido para o nosso conjunto.
E para cuidar de ter, em vez de perfeição, harmonia.

3 comentários:

Anônimo disse...

Falou, Vanda.
Gostei das tuas fotos. Têm uma linha de harmonia.
Bom finzinho de semana.
Obrigada pela fita.
Bjs
Regina Alves

davidpinho disse...

gostei

Anônimo disse...

Mãe,
Vc acha que eu sua "boa" versão atualizada? rsrsrs...
Bjs