terça-feira, 29 de maio de 2007

A palavra escrita


Assistindo ao programa do David Letterman, vi o ex-presidente Clinton dizer que chegando a uma determinada idade todo mundo deveria escrever, pois assim seus descendentes saberiam de onde vieram. Entendi ali que não são só nossas origens, uma árvore genealógica ou os caminhos que a família percorreu, o que muitas vezes procuramos. Histórias e comportamentos familiares nos trazem pistas sobre nós mesmos.
“Cada vez mais sinto falta da minha irmã Lica: eu descubro coisas sobre o passado e não tenho com quem discutir... tanto conhecimento se perde com cada vida. E essa é a razão mais importante para escrever.” Saul Steinberg, em carta a um amigo.
O ato de escrever também ajuda a administrar pensamento e sentimento. Escrevendo, percebi que além de guardar, existe a vontade de partilhar esses sentimentos, que costumam ser menos revelados do que o pensamento ideológico ou intelectual, registrados com mais freqüência em atividades profissionais. E queria escrever o que se pudesse ler com interesse e prazer.
Em 2002 comecei a escrever um livro, que em 2005 registrei, e - sorte minha - nunca publiquei. O título, é o que uso neste blog. O livro, já mudei mil vezes, e vejo que eu mesma fui mudando junto com ele.
Escrever é se revelar, toda exposição exige coragem, mais ainda porque a palavra escrita permanece. Mesmo escritores consagrados já revelaram sua dose de insegurança. Nas mulheres, historicamente mais reprimidas, essa dose costuma ser maior. Sexo feminino - torço e acredito: nos modelos mais recentes os partos já são menos dolorosos.

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