domingo, 13 de maio de 2007
Amai-vos Uns aos Outros
Mesmo que a cobertura da visita papal não conclua isso, é fácil constatar que ela trouxe muito mais polêmica e discórdia do que harmonia e união, como se poderia esperar de um evento religioso. Para mim, o mérito - da visita e da cobertura - foi a oportunidade de lembrar Leonardo Boff.
Minha mãe, por ter filhos na escola dos freis franciscanos em Petrópolis, ficou muito próxima do então frei Leonardo, e dele nunca se afastou. Antes disso, teve como amigo de família, da vida inteira, o "Padre Hélder", Dom Hélder Câmara, que me batizou e me deu a primeira comunhão. Ela nunca se interessou por política, não devia entender bem a teologia da libertação, mas foi o lado da igreja que ela escolheu, naturalmente, sem se preocupar com rótulos, só por acreditar sinceramente nos ensinamentos do seu livro de missa. Ser boa, pia e generosa pode ser uma atitude. Ela era genuinamente assim, sem atitude. E foi assim que, com oitenta anos, para surpresa de todos, conseguiu realizar um sonho de muitos anos: escrever um livro para contar às gerações mais novas a infância alegre e inesquecível que ela e os primos tiveram. Esse livro tem na contracapa um texto de Leonardo Boff, por quem tenho, além de admiração, muita gratidão. Durante uma semana em que ela ficou em coma, antes de morrer, no ano passado, foi visitada duas vezes pelo "frei Leonardo". De cadeira de rodas por causa de um problema no joelho, ele explicou ao meu irmão que a audição é um dos últimos sentidos a nos abandonar, e por isso ele foi lá conversar com ela, para ajudá-la a ir em paz.
Este foi o texto que ele fez para o livro:
"Terras Encantadas, de Mathilde Costa Viveiros de Castro, traduz o resgate emocionado das lembranças da Chácara das Rosas, e da Fazenda São José do Magé, guardadas pela família que ali viveu tempos felizes e áureos. Mathilde, com seu estilo suave, como quem pede desculpa por aparecer, recolheu tudo com carinho, seja suas próprias memórias, seja das pessoas que aí passaram e que deram seu depoimento. O livro produz encantamento pela saudade e pela emoção que passa. Ele comprova que o ser humano e seu entorno querido formam uma unidade ecológica e que nós não somos nada sem a terra, a casa, a família, o amor, a capela, a festa, a familiaridade e a veneração das coisas sagradas. Leonardo Boff."
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5 comentários:
muito bom, muito bonito.
Queria ter conhecido a tua mãe, quem sabe não leio o livro quando passar pelo Rio. bjs
Regina
Muito legal Vanda! Quando vamos ter o Terras Encantadas digitalizado para todos terem acesso?
Que lindo, tia Vanda! Vovó Mathilde, jóia rara, espalhou muito amor e deixou muitas saudades.
Tio Paulinho, Tia Vanda, eu topo ajudar no que for preciso. :)
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